Afinal quem somos nós? Você sabe quem é? Quem a/o definiu foi você, ou os outros?
- Bárbara Başarı
- Oct 3, 2020
- 4 min read
Quem a/o definiu foi você, ou define-se segundo a perceção dos outros?
Em tempos ouvi uma frase que me deixou a pensar: ‘quem nos define são os outros... Hum... não retorqui pois a minha intuição dizia que não, mas a minha razão não encontrou os argumentos rápidos e certeiros para exprimir o que me ia na alma, na altura. Até que acabei por fazer mais um dos cursos de auto conhecimento, que tenho por hábito fazer, onde a razão e a intuição se encontraram.
Bem a explicação pode ser longa e até complexa, mas de forma simples vou exprimir o que eu penso…. E já sabe, tanto pode ser para a vida como para a dança… Partindo como exercício de autoconhecimento... Bora lá mergulhar nesta reflexão...
Primeiro você tem que ter a noção de como é que determinadas características suas foram construídas… se perceber, por exemplo, de onde vem a falta de confiança, autoestima, o medo disto ou daquilo,…. Óbvio que aqui é importante sentar-se e resgatar algumas memórias, que a/o marcaram e que podem ter contribuído para as características, que traz hoje e que foram especialmente vividas no seu núcleo mais próximo, especialmente, até aos 7 anos de idade…. O que lhe costumavam dizer que deixou de questionar e que acredita que é assim?
Vamos começar por algo mais simples, o processo de consciencialização: qual é o ingrediente, ou comida que nunca experimentou, mas diz que não gosta? Porque durante a sua infância nunca foi feito e portanto, como em casa não gostam, associou que também não gostará…. Para desenvolvermos determinadas características ou gostos, estes foram influenciados por terceiros, não quer dizer que seja verdade, pois não foi uma escolha sua. Quantos jovens decidiram, no secundário ou até já na universidade cursos, por influência de algum familiar, porque o admiram ou as pessoas falavam que teria jeito para a coisa. Na verdade, até aquele momento não se tinham questionado o que queriam fazer só, mais tarde viu que aquilo que estava a estudar não tinha a ver consigo... aí o gatilho disparou...
Com estes dois últimos exemplos mais simples, mas que se pode possibilitar e entender algo mais complexo, vemos que algumas das nossas opções não são fruto de uma decisão pessoal, mas sim de um conjunto de influências que temos…. Por isso podemos até questionar e nos perguntar: Será que eu me conheço? Será que eu sei quem sou?
Bem, vou partilhar uma história simples e pessoal: quando eu era miúda adorava LAÇOS era na cabeça, nos vestidos, nos sapatos…. Acreditem, antes dos meus 7 anos o que eu mais queria era Laços…cá em casa detestavam laços achavam demasiado piroso ahahaha e, uma vez, uma querida modista, que me estava a fazer um vestido, perante o entusiasmo da petit (je), disse-me para eu não me preocupar, pois ia colocar um laço, para a minha mãe confiar e assim agradar às duas… Ainda me lembro: era de veludo vermelho, pequenino, singelo, da cor do vestido, mas e eu ameiiii…
Mas, ao longo do tempo eu deixei de querer laços com tanto fervor como naqueles tempos…. Porque me incutiram que laços era algo piroso e sobretudo se fossem grandes… então aí é que não podia ser… Ora bem, algumas meninas devem de estar a pensar: eu também gosto…. É piroso? Não. O que aconteceu nesta situação foi o que acontece em várias situações, associamos uma palavra a uma imagem e a uma conotação…. Não quer dizer que algo em si o seja. Eu hoje não uso laços! Mas eu sei que a minha ideia acabou por ficar formatada para isso. Mas afinal o que me define? A criança que espontaneamente adorava laços, ou a adulta que não usa laços? Isto é um simples exemplo. Mas é esta reflexão e questionamento que vale a pena fazer, por exemplo: o que me define? Quando é que isso aconteceu? Porquê? Porque é que eu digo que não gosto de algo? Porque digo que sou assim? De onde veio essa ideia? Eu experimentei? Eu sei o sentimento, a emoção que tive e a partir daí e defini isto, ou aquilo?
Deixo este exercício: Bem, então anote numa folha de papel as características e escreva o que a/o levaram a acreditar que era assim, e marque se é uma características que quer mudar ou permanecer, ou simplesmente se gosta de tal características, mas acha que é too much o seu uso, anote se quer moderar. E aquelas características que gosta. Também é importante não esquecer. Este exercício pode fazer tanto ao nível da sua personalidade como também das características da sua bailarina. (Que para mim uma influência a outra)
Bem, não é fácil, mas é muito poderoso… descobre-se muito sobre nós e o que realmente queremos para nós, o que realmente nos define… e deixamos de nos definir a partir do outro…. Mas sim a partir de nós mesmos, a partir do que sentimos…. Não deixem o outro ter tanto poder sobre si…Construa a sua verdade.
Não esqueça: você está assim hoje, você não é assim, ou seja, você pode não ser assim amanhã... porque nós temos o poder de mudarmos e trabalharmos cada característica... tal como na dança, nós estamos de determinada forma, mas com foco e trabalho sabemos bem, que tudo é passível de evolução...:D O segredo aqui é sabermos o que queremos mudar...
E você, o que os outros definiram sobre si que afinal nessa deliciosa e desafiante reflexão descobriu que era mentira?
Bejinhos empoderados de poder

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