Como gerir as expectativas que têm sobre nós?
- Bárbara Başarı
- Apr 9, 2020
- 5 min read
Updated: Apr 20, 2020
Como fazemos isso? Alguma fórmula mágica? É fácil? É rápido? Dá milhões ?
Aiii aiii aiii…. Este assunto quando se toca nele é unânime a reação… “sim fala, por favor da tua perspetiva, acho que és muito segura”. Pensando, provavelmente, que nunca me deixei envolver ou atingir com as apreciações dos outros, das expectativas dos outros…. Quero já dizer é mentira tá… para começo de conversa :D
Começando pela minha infância… já que cá em casa ninguém sobe ao palco como forma de se expressar ao mundo… preferem ficar como espetadores críticos, mas muito assertivos… e as expectativas que construiram eram um pouco diferentes daquilo que eu sonhava e queria para mim. Mas hoje é muito pacífico, acho até que devia de ter feito determinadas opções mais cedo. Mas por outro lado teria escrito uma outra história de vida, que não seria esta e eu gosto da minha. :D Só vos vou dizer que o ensino secundário fiz na área de Economia. E o ensino universitário em duas áreas ligadas às letras. Onde senti que estava mais perto de mim…. Em economia é que não. Nossa andei muito perdida ahahaha... Portanto esse conflito interno tive que o viver desde cedo e resolver algumas coisas na minha cabecinha.
Verdade que quando se começa logo cedo deste modo, ou seja dentro no nosso seio mais amado os nossos pais, das duas uma ou passamos pela primeira fase: ficamos inseguros com as nossas opções e pensamos: será que o “outro” tem razão? Afinal tem mais experiência de vida e tal… Mesmo que o sentimento venha: “eu não sou feliz assim”. Podemos ficar eternamente na primeira fase, mas aí temos que aguentar com as nossas frustrações das nossas opções, ou saltar para a segunda fase: sabemos gerir, ultrapassar e concretizar e depois quem encontramos nos nossos caminhos é fácil de separar “o trigo do joio”, porque temos a convicção de onde queremos chegar.
Hoje com as minhas experiências e a minha personalidade e na minha busca incessante de mim…tenho cada vez mais separo muito bem: o que as pessoas esperam de mim e o que eu quero para mim.
Quando nos deixamos envolver com o que as pessoas dizem acerca de nós quer dizer que você esta a colocar o poder no outro. O outro que diz como tem que sentir, como tem que dançar, como tem que viver etc… sim, porque o ser humano acha que pode palpitar sobre tudo do outro. Poder até pode, mas digam-me lá enquanto estamos a palpitar sobre o outro olhem o tempo que estamos a desperdiçar numa vida que não é nossa e num ser humano que não somos nós e que só conhecemos uma parte da sua vida (sim, porque cada pessoa só dá conhecer aquilo que quer de si). E nós? Única pessoa que convivemos 24h sobre 24h, única pessoa que nos deitamos e levantamos todos os dias, que lidamos com os nossos anseios e tudo mais…hummm…
Mas atenção, os projetos que temos para nós e dentro dessa lógica de pensamento encontramos pessoas incríveis e muitas das vezes sem terem consciência fazem a diferença no nosso percurso e ensinam muitas coisas. Aconteceu com um repórter de imagem, quando estagiei na SIC. Das pessoas mais caladas que conheci, mas quando ele falava eu sabia que ia aprender e ele nem precisou de ter a armadura de quem me estava ensinar.
Quando damos muito ouvidos ao outro vivemos a expetativa no que o outro quer que façamos e não o que nós queremos para nós. Até porque raramente nos perguntam: o que queres para ti? Cada vez mais eu sei o que quero para mim. E o que não quero, mas acreditem foco no que você quer e se você fez o exercício do artigo anterior já tiveram tempo de pensar e refletir. E digo quando você tem muito claro essa ideia acreditem que quando o outro fala por vezes você escuta e outras vezes você ouve. Sempre disse às pessoas que escutei “sou muito grata por essas tuas palavras pois fazem sentido para mim, para a bailarina que estou a construir” e acrescentava “eu sei onde quero chegar. O outro pode não saber, mas eu sei.”.
Ter ideias claras sobre nós facilita muito quando temos que gerir as opiniões/expectativas dos outros, porque o poder esta em nós e não nos outros. Pode-se dizer muitas coisas, mas nem tudo faz sentido para a/o nossa/o bailarina/o ou para nós ou para a nossa vida.
Por isso que em casos mais extremos as pessoas se zangam, divorciam-se, porque cada um constrói na sua cabeça determinadas expectativas em relação ao outro, promessas que o outro não fez, mas que nós jurávamos que ele ia agir desse modo, ou porque “toda a gente faz porque é que você esta a fazer diferente” ou porque de acordo com os seus valores era expectável ele/ela fizesse desse jeito. (Só que não.) Expectável de acordo com aquilo, que as pessoas pensam que é o certo, de acordo com os seus valores ou o calendário social vigente: idade certa para casar, a forma certa de ser e de viver, a idade certa para se ter filhos etc… tudo isso são ideias, expectativas, que os outros constroem e nem tudo cabe na vida que queremos ter. Simplesmente, porque não é aquilo que queremos agora, naquele momento. Ou porque, mais do que a idade, para nós o mais importante é SER; a pessoa para construirmos a família ou ter os filhos, dar a educação que queremos. Para isso primeiro temos que SER para depois saber fazer/viver. E nesse viver aprender outras coisas, que só assim é possível. Tudo tem o seu tempo.
A tomada de posição não é contra ninguém é simplesmente estar de acordo consigo mesma/o. E mais importante se essa é a sua fórmula de ser feliz, parabéns esta no caminho certo. Se não é, mas sabe aquilo que não quer… pronto já tem um ponto de partida.
Costumo dizer: “cada um com o seu propósito, cada um com as suas aprendizagens, cada um com o seu tempo”. Olhamos para o outro e valorizamos ou desvalorizamos de acordo com a nossa perspetiva de vida, com as nossas experiências e vivências e achamos fácil ou difícil partindo de nós. Contundo, acredito que o que cada um esta a viver é exatamente aquilo que tem que aprender. Aprender é sempre difícil para quem tem que passar por isso.
Se você ainda não fez este exercício, aconselho que você comece por aí. Ora bem, um lápis e papel (e se me vai seguir no blog arranje um caderno vai ver que no final isto vai fazer mais sentido ainda) e escreva: O que eu quero para mim? Que bailarina/o eu quero ser? Quais são os meus objetivos curto (1 ano ou até ao próximo festival) e a longo prazo (mais de 2 anos).
Este tema estava em carteira, mas subiu lugares para ser escrito, porque surgiu da sugestão da Diana Fernandes, que muito agradeço e da conversa que tive com Paula Dahab, ambas as conversas em contextos diferentes, mas tudo gira em torno de expectativas. E como as gerir. Sem esquecer Sara Silva, que assinalou que falar de expectativas era um tema para si interessante e pertinente. E foi aí, nesse preciso momento, que disse bora lá colocar o que penso sobre isto no papel e partilhar.
Muito agradecida meninas. Espero que ajude arrumar as ideias.
E agora chegou a sua vez me diz aí as suas expectativas para si? Este texto ajudou?
P.S.
No dicionário expectativa “significa esperança; espera ansiosa de algo promissor” portanto não crie ansiedade ou angústia quando tão belas palavras define este conceito, porque me centro na esperança e no promissor.
Beijinhos dançantes

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