Devo de ter mais do que 1 professora: sim ou não?
- Bárbara Başarı
- Oct 10, 2020
- 3 min read
Este tema emerge da escuta, por exemplo: “não quero que a minha professora saiba que estou a ter aulas contigo, porque pode ficar chateada” não sei se não será um medo infundado (aconselho a lerem o texto https://barbarabasari.wixsite.com/mysite/post/bailarino-a-vs-professor-a-vs-pedago-a)...
Bem, darei a minha sincera opinião sobre este assunto, para ti aluna.
Como aluna eu tive, desde que participo em festivais, duas professoras.
Porque falo de festivais? Aconselho a lerem o meu texto sobre Festivais (https://barbarabasari.wixsite.com/mysite/post/festivais-ir-ou-não-ir-eis-a-questão) para perceberem a minha visão dos mesmos. Porque os festivais marcam um antes e um depois na vida de qualquer bailarina. Pelo menos para mim, assim aconteceu.
Penso que, nos dois primeiros anos é contraproducente ter mais do que uma professora, no entanto, a partir do momento que participamos em festivais temos maior perceção da nossa bailarina. Porque uma coisa é aprender e fazer exercícios em sala de aula e outra coisa bem diferente é todo o processo, que envolve a participação num festival. Atenção, segundo a minha lógica de como encaro a participação num festival.
Comigo assim aconteceu. Tive maior perceção da velocidade, porque na verdade nunca foram antes amplamente discutidas, só uma dica aqui e ali. Além disso, a energia, a técnica etc… foi na preparação para festivais, que senti a necessidade de abordar, antes mesmo de aprender, outros conteúdos por exemplo, um Taksim. (Para mim estes festivais aguçaram o meu estudo).
Foi então aí que, por forças das circunstâncias tive o contacto com outra professora, verdade que é irmã da minha professora, embora sejam tão diferentes na hora de dançar. E isso foi perfeito para mim. A minha bailarina precisava de uma professora complementar a tudo o que estava a viver até então. Esta experiência só veio somar/acrescentar. Até que cheguei a ter as duas em simultâneo: uma na parte técnica e outra na parte de preparação para os festivais em temáticas, que sentia necessidade para a construção da minha bailarina.
E porquê? Porque o trabalho que tinha que fazer na minha bailarina eram os pontos fortes na dança da Di Cesário (segundo a minha perceção). Foi com ela que abordei o Taksim, convido a verem a minha coreografia Oriental Dance Weekend 2016.
Foi a Di que me ajudou na limpeza técnica da coreografia, falou e trabalhou comigo os ‘ingredientes’ para um Taksim… o sentir, o interpretar, etc… é caso para dizer, o meu Taksim nunca mais foi o mesmo ahahaha, entre outras coisas. Além disso, antes do exame final da APDV de 2018, solicitei uma aula particular para “aprender a respirar” na minha dança… Veja como surtiu efeito:
Ou seja, nós temos que conhecer a nossa bailarina e mediante essas características, que queremos desenvolver ter as professoras que nos vão ajudar, para além da componente técnica, que é pilar.
Eu sou muito grata às duas professoras pois, como já disse complementam-se muito bem. Para além, de outros profissionais que frequentei workshops, escolhidos com critérios bem definidos por mim e para mim.
Antes desses dois anos, sinceramente, não aconselho… Para mim o caminho é feito por etapas e antes do primeiro festival e principalmente nesses 2 anos parece-me melhor focar na técnica (a base) e saber construir coreografias. O mesmo será dizer pegar em partes (na técnica) e construir um todo (uma coreografia). Mas já sabe a escolha é sempre sua. (Existem outros fatores, mas estes são, para mim, os mais importantes a serem mencionados aqui e agora.)
Com tudo isto quero dizer que ter mais do que uma professora é bom, na minha opinião, desde que VOCÊ aluna saiba o que a vossa bailarina precisa e que a seleção de determinada professora vá ao encontro dessas suas necessidades, acrescentando e ajudando a trabalhar esse enfoque.
Ter “mil e uma” professoras, similares entre si com o mesmo profissionalismo que lhes assiste, pode não expandir outros pontos em você, mas sim reforçar os já existentes (sempre bom, mas não há diferencial e nem o impacto desejado na sua dança. Digo eu.).
ATENÇÃO: a CULPA não deve ser dada às professoras, será SUA. Pois vocês têm de ter muita consciência dos pontos que querem trabalhar e ver qual a profissional que pode ajudar nesse caminho. Mas a escolha tem que ser sempre SUA. As suas escolhas são da sua responsabilidade, enquanto pessoa e enquanto bailarina. E já sabe com muito foco e compromisso.
E um conselho final: se optar por ter mais do que uma professora esteja nas suas aulas mergulhada no conhecimento que ela está a partilhar consigo, da sua forma e sinta-se uma privilegiada, pois a pergunta que se tem a fazer é: de que forma, é que este "jeitinho de ser" me ajuda na construção da minha bailarina? Deixando de lado comparações disto ou daquilo, pois vai lhe desviar do seu foco que lhe trouxe até lá…
Diga-me o que achou?
Bejinhos empoderados com muita dança e muita aprendizagem

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