O que temos para aprender com os mais novos e os mais velhos (Na Dança e na Vida)
- Bárbara Başarı
- Oct 24, 2020
- 3 min read
Dou por mim a pensar que o ciclo da vida tem uma sabedoria de que poucos falam, porque infelizmente nem todos a vivem. Ou por falta de tempo, ou porque reproduzem comportamentos que tiveram acesso durante a sua vida, ou simplesmente não têm essa consciência, ou não têm o privilégio de conviver com 3 gerações diferentes.
Deixo a minha sugestão para verem o que podemos aprender, ou melhor, o que cada fase desta vida nos ensina e que não devíamos de esquecer.
Saem muitos estudos sobre o impacto dos avós na vida dos netos e também o impacto dos mais novos na vida dos anciãos.
O que poucos acabam por falar é daquela faixa etária que, digamos assim, já saíram dos bancos da escola e estão na “vida ativa”. Que é a maioria de nós. Dei por mim a pensar que realmente é importante 3 gerações estarem em contacto, em conexão… a esta faixa etária, que constrói hoje o seu futuro, planeando, investindo, muitas das vezes com poucas horas de sono, com a formação de o SER ADULTO, com responsabilidade etc… muitas vezes sente-se imbuído num conjunto de tarefas do quotidiano, que não resta tempo para parar e pensar… e para avaliar ações... vão assim na correnteza da vida, reproduzindo. Pela força da reprodução social é tendência queixarem-se dos filhos, mas atenção acabam sempre com a frase “o que eu seria sem eles”, do companheiro, de tudo e de mais alguma coisa… Bora lá ver as possibilidades, neste abraço emocional…
Mas as crianças não estão só aí para isso. Elas estão aqui para muito mais:
Primeiro - para fazer lembrar daquilo que muitas vezes esquecemos… de SONHAR. Sim, mesmo que seja acordado. A palavra muitas vezes associada à irrealidade….então vamos associar à ideia em que se sabe o que gostaria de alcançar… Na hora da carta ao Pai Natal, por exemplo, tenho a certeza que elas têm a sua listinha….enquanto nós adultos temos tendência para sorrir da ingenuidade de quem ainda não sabe a verdade. Ingénuos somos nós que deixamos de fazer a carta, elencando os nossos sonhos, os nosso objetivos e sentindo e sabendo o que nos faz feliz… permitindo naquele momento do ano dizer com todas as palavras, o que afinal queremos. Ahh esqueci já somos adultos, e a tendência será para escrever o que não se quer…. Aí já sabe e aconselho: peça ajuda à criança que tem em casa, pois elas sabem ensinar-nos como ninguém …. Na falta de palavras, nada melhor que pegar na tesoura e cola e fazer um cartaz com imagens… afinal: “Uma imagem vale mais do que mil palavras”.
Outra coisa que as crianças nos ensinam é a dar valor ao simples…. E se vocês virem um dos programas de Tv onde os mais novos pedem desejos simples… de forma palpável dizem o que acham que vai trazer felicidade para os mais graúdos…. Porque sabem que é importante é sentir. Nunca me esqueci de um filhote que pediu para a mãe um dia de princesa, pois achava que ela estava sempre a trabalhar.
Ensinam também a questionar… e por mais que a idade dos Porquês nos deixam os cabelos em pé aos mais crescidos, eles fazem-nos lembrar de forma simples que é bom questionarmos e não darmos como verdade, o que pode afinal não o ser.
Podia ainda escrever mais… deixo uma sugestão: olhe para a criança, como parte que você perdeu e tente (re)encontrar na sua vida de adulto.
Na dança, não nos podemos esquecer o que nos fez escolher dançar, lá no início… o brilho no olhar quando se está a dançar, o pulsar do coração, vivacidade, espontaneidade, o querer saber mais e mais…
E com os mais velhos? Bem, com os mais velhos além de ouvir as histórias das suas vidas, que fazem parte e representam a história de um país… pode também aproveitar, sentar-se e escutar simplesmente... Vai ver que há dois tipos de pessoas: os que contam as suas aventuras e os outros que falam dos seus arrependimentos, de não terem feito isto ou aquilo… pelo simples medo de algo, que muitas vezes nem era real. Os anciões alertam-nos para vivermos, que na dúvida a intuição é a melhor conselheira e que fazer mesmo imperfeito é melhor que nada fazer.
Pois, no final de tudo lá à frente na época de “curtir a vida”, depois de uma vida de trabalho não devemos de nos arrepender de não ter feito… Tanto na vida como na dança não se arrependa mais tarde de não ter aproveitado da melhor esta deliciosa jornada, de dar importância ao que realmente tem importância e, acima de tudo de aproveitar o processo.
Espero que tenha gostado… e me conta aí… o que achou desta minha reflexão, fez sentido para você? Fico à espera da sua partilha.
Beijinhos empoderados de boas conversas

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