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A importância da História: hoje e sempre

Updated: May 9, 2020

“pessoas de cultura árabe não apreciam o facto de mulheres ocidentais dançarem a dança da cultura delas...” Esta partilha em forma de desabafo lançou o mote para (re)direcionar este texto, neste sentido refletir e aqui dar a minha visão, pois parte do texto já estava escrito.


Assim sendo, vamos começar por aquilo, que entendo que devemos começar. Este assunto vou voltar em outros textos, que vão complementando esta minha visão. Mas hoje vamos falar sobre a importância da história.


Vou vos contar um segredo na escola, História não era comigo sobretudo a época da Monarquia. Uma vez, até disse aos meus pais: “Não quero saber da vida de ninguém, porque tenho que saber da vida deles?”. O meu pai na altura ficou sem reação no momento, mas depois lá me explicou. No entanto, confesso que o Após Monarquia é a época que ainda hoje gosto mais. Gostos à parte.

Hoje falarei da importância da história, óbvio do meu ponto de vista. Houve uma vez, uma professora de história, que me disse “temos que saber da história, para não cometermos os mesmos erros do passado no futuro” e aí confesso, que numa frase percebi tudo. Não era só saber o que aconteceu antes e o que se herdou hoje, mas para não reagirmos da mesma maneira e se queremos resultados diferentes temos que fazer diferente senão a frase “Lá se repete a mesma história” ganha contornos mais reais.

Mas afunilando para a questão da dança queria deixar aqui que o SABER é extremamente importante para nos empoderarmos e preparar para ação, pois enquanto pesquisamos, lemos é incontornável não refletirmos (penso eu)… tomamos mais consciência de onde viemos, onde estamos e por onde se pode ir…


É bom conhecermos a realidade das origens, como e porquê da sua existência; e óbvio como se expandiu para o mundo… como chegamos as todas estas terminologias e a carga que cada uma carrega. Desta forma, temos mais consciência, enquanto bailarinos/as, mas também enquanto público. Afinal, deambulamos entre estes dois mundos….


Lidando com uma cultura tão equidistante da nossa, geograficamente e não só ( Embora, eu seja da opinião de uma amiga minha quando disse que “O mundo é um T0”), nós temos que a conhecer.

Voltando à frase e indo ao ponto, a minha opinião sincera e intuitiva e de observar alguns egípcios a darem aulas e o que dizem, é que eu acho (achismo) que eles não estão “zangados” por estarmos a dançar uma dança oriunda da sua cultura (como partilharam comigo), mas penso que eles manifestam o seu desagrado, quanto ao (des)conhecimento que temos e ATENÇÃO, não estou só a falar de técnico, mas também do cultural.


Por exemplo, facilmente conseguimos enumerar nomes de artistas (bailarinas/os - músicos) árabes, que não vivem nos seus países de origem, que são representantes, com um papel ativo em difundir corretamente a sua cultura. Por tudo isto, penso que o desagrado vem mesmo pela mecânica adquirida, em vez da cultura sentida. (Não vou sequer abordar essa questão dos “estilos” argentino, russo, egípcio, porque não é isso que quero abordar aqui e dava pano para mangas e sobre isso já vi bailarinas/os – músicos zangados até diria mais, indignados… um dia também posso dar-vos a minha opinião. Mas agora, não é esse o foco… mas sim a preparação, o conhecimento e a responsabilidade que temos, ou que devemos de ter, sobre e o quanto é importante estudarmos para além da técnica.) Para mim, acaba por ser um compromisso ético/moral com a cultura, que levamos aos “palcos”.

Eu sou da opinião, que em todos os festivais seria necessário, pelo menos, um/a egípcio/a ou algum/a Professor/a do Médio Oriente a darem workshops, mas também palestras. É necessário escutar o que eles têm a dizer. E assim, misturar “o que está a dar” com a tradição. Afinal temos que perceber que os/as organizadores/as de festivais também têm em vista o lucro, ou pelo menos não terem prejuízo.

Eu, cada vez, que me debruço para pesquisar, concluo que “só sei o que nada sei”. É uma cultura de séculos e séculos…. Por isso, não a vamos absorver em dois dias…. Nem em três “pancadas”, mesmo que sejam “As pancadas de Molière”, mas sim tantas quantas sejam necessárias e quantas vezes se suba ao palco para sermos os/as embaixadores/embaixatrizes, desta arte.


Porque vamos combinar uma coisa, se estás a ler este texto e se o título te chamou a atenção, não é uma relação casual, certo?! Isto já está num grau, naquela fase que já te preocupas… já podemos chamar AMOR?!… Esse sentimento, que é nutrido dia a dia, em que cada descoberta redobra admiração e o sentimento. Não é verdade?

Uma das coisas que mais gostei, no curso APDV e que acabou por ser um fator que me fez decidir ter aulas lá, foram os trabalhos….olha que me deram muito trabalho… não foi em 1 mês que foram feitos… pois houveram alguns, que achava já estavam terminados, quando descobria outra fonte e lá ia eu acrescentar mais um parágrafo, uma ideia, um facto... e a sentir “o peso” da responsabilidade. Conhecimento empodera... Mas atenção, a consciência da responsabilidade de estarmos a “representar” uma cultura não nos pode trazer aquele medo que nos bloqueia, mas sim o sentido que queremos saber mais e mais.

Bem, para mim tratar qualquer cultura com respeito é um dever de todos nós, sejamos público ou artísticas. Até, porque eu acredito que nem todos/as nascem no país que está conectado/a com a sua essência… podemos até estar aculturados pela educação que tivemos com o país que nascemos…. Por isso, que acho que o nosso país, a nossa cultura, a nossa família, o nosso lar é onde nos sentimos bem, felizes, conectados. E nessa conexão, que é a base do conhecimento sentido, que despoletado pelos nossos sentidos, que nos leva ao SABER e assim, nasce uma sinergia fora de série. (Esta é a minha visão. Por isso tenho amigos/as, que parecem que nasceram em Portugal e portugueses que não.)

Voltando ao início, e ao tema central, estas pesquisas deram-me preparação para saber o que estava a escutar e estar atenta… E quando vejo a pergunta: afinal o que faz um/a bailarino/a ser profissional?! Para mim um dos pontos é este: Saber e ter a noção da história...


Esta é a primeira parte do texto, uma vez que já ia longa, farei um segundo post…. Na segunda parte partilho uma das minhas reflexões.


Beijinhos empoderados e dançantes


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