Reflexões sobre interpretação: Letra, Música e Cor

A algum tempo atrás tive a sugestão de falar sobre os figurinos e qual o mais adequado. Mais tarde, uma situação inspirou-me para escrever, deste jeito, e dar este enfoque sobre o que acho de figurinos.

Aqui vai a reflexão de hoje: cor do figurino, música, interpretação….

No meu processo criativo, numa fase inicial, para buscar a interpretação de determinada música, acabo por primeiro querer saber o significado da letra (quando é o caso), que sentimentos me suscita aquela música e com que cor é que eu representaria tudo isso. Até porque, na escolha da música eu crio a imagem do meu figurino, tanto ao nível da cor como do modelo. Óbvio, que tenho que adaptar o processo… já que não faço fatos com a regularidade que gostaria, por isso é que existem músicas, que estão a aguardar pelo momento certo, que será o mesmo que dizer na próxima oportunidade, que faça o próximo figurino!!! E ideias nao faltam...

E porque é que é importante a cor? Para mim ela transmite-me emoções, imagens que a representam… tanto é que existem palavras que são associadas a determinadas cores. Verdade? Por isso é que, se falarmos em psicologia da cor, encontramos essa associação. Já que, a psicologia da cor assenta num estudo, que consiste sobre como o cérebro humano identifica as cores existentes e as transforma em sensações/emoções e como nos influência. Quando Eva Heller apresentou as suas conclusões havia um padrão de associações, que estão gravados no nosso “hardware” mental, fruto das nossas experiências, já que alguns significados das cores são construções culturais e podem variar através dos tempos, culturas e pessoas.

A verdade, é que em diferentes áreas ligadas às artes visuais não dispensam a psicologia da cor, na hora de “criar”. Cada cor gera sensações diferentes nas pessoas, mas como estamos a falar de emoções a este nível para a psicologia, as cores afetam diretamente o despertar das emoções nas pessoas. Elas podem influenciar o estado de espírito, o humor, a motivação e outras características psicológicas dos indivíduos. Mal ou bem, o que é certo é que esta associação de palavras a imagens é realizada, até de forma intuitiva, segundo o que cada cor suscita na mente de cada um/a, já que desde de sempre tendemos a fazê-lo. Vejamos os “rituais” de final de ano. Ahahaha!!!

Então podemos dizer que somos muito influenciados por aquilo que as cores nos transmitem. Escolher um figurino para dançar, para mim, faz parte de todo o conjunto. Existem músicas inclusive, que ainda não dancei, porque imaginei um determinado figurino com determinada(s) core(s)…

Falando em interpretação, em cor e nessas músicas que ficam na gaveta a aguardar o seu “tempo” houve uma dessas músicas, que foi dançada por uma bailarina, em que a bailarina optou por uma cor do seu figurino, houve quem interpretasse, julgo eu influenciada por esse facto, que estaria a dançar uma música romântica. Outras, disseram que era um Tarab focando análise na música…

Se formos à tradução da letra trata-se de uma letra política que fala sobre um momento específico de um país. O que me faz pensar em outro aspeto muito importante para mim: será que se tivesse alguém daquele país a ver iria achar que a interpretação o/a representaria? Mesma coisa, se alguém dançasse uma música, por exemplo, de Zeca Afonso e toda a sua interpretação nos deixasse na dúvida. Mas isto será outro tema pois por mais que se fale da responsabilidade de representarmos uma cultura, que não é a nossa é ao agir que a materializamos essas preocupações.

Penso que a interpretação é livre, digamos assim, e cada um sente de uma forma específica a música e tem o seu processo criativo… Quando idealizei aquela música, antes de a ver dançada por alguém, e depois de ler a tradução da letra, eu optaria por uma outra forma de interpretação e também por outra cor de figurino.

Vou vos dar o exemplo, relativo à minha fusão de tango. Quem me conhece sabe que sou energética e a minha natureza é de alegria/comunicação, por aí…. Quando fiz a minha fusão de tango e atendendo à letra da música a minha interpretação, para além de escolher as duas cores associadas a este estilo, em momento algum se viu a Bárbara, que até aí foi conhecida, nem um sorriso ahahaha. Sem dúvida, que foi uma oportunidade para trabalhar outra energia, mais “pé no chão”, mais introspetiva e até mais dramática. É caso para dizer “ninguém me viu os dentes”… ahahah

Portanto, deixo algumas das minhas dicas para a busca dainterpretação:

Imersão na escuta da música, tenha acesso à letra e tenha consciência sobre os sentimentos, que ela lhe suscita, conheça a história por detrás dessa composição musical sempre que possível, e não se esqueça de adequar a sua “personalidade dançante” à música que escolheu… Boa Dança ;)

Me diga aí, o que achou do conteúdo? Já tinha pensado a sua interpretação deste jeito? Qual é o seu processo criativo na hora de trabalhar a interpretação? Partilhe nos comentários.

Bejinhos empoderados com muita cor na tua vida